Desde pequenos somos avaliados pela velocidade com que aprendemos ou fazemos as coisas. Em nossos primeiros anos de vida, precisamos aprender a falar, andar, ir ao banheiro sozinhos e, quem demora um pouco mais que a média, começa a ter sua capacidade intelectual questionada. Depois, você chega à escola, onde começam as cobranças de velocidade na solução de problemas matemáticos, assimilação de regras gramaticais, velocidade na compreensão de fatos históricos. Em seguida, surgem os testes, onde a inteligência é medida pela capacidade que você tem em resolver problemas de forma rápida. Isso também acontece nos testes para vagas no mercado de trabalho, nos quais a velocidade de raciocínio é decisiva para uma contratação. Uma coisa é certa, o fator velocidade é o um dos mais importantes para qualquer avaliação de inteligência em nosso tempo.
A humanidade se acostumou a valorizar aquilo que é rápido. Para comprovar o fato que estou mencionando, tente responder essas duas perguntas sem consultar o Google:
Quem é o recordista mundial dos 100 metros rasos?
Essa é fácil não é mesmo? Não vale responder que é o The Flash, lembrando que ele pertence a ficção. Mas tenho certeza que logo veio a sua memória aquele gesto do arqueiro, que aquele jamaicano faz após vencer com certa facilidade suas provas. Sim você acertou, Usain Bolt é o recordista mundial dos 100 metros rasos com um tempo de 9,58 segundos.
Agora que você mostrou ser um profundo conhecedor dos esportes olímpicos, responda mais uma pergunta bem fácil:
Quem é o recordista mundial da maratona?
Tirando os amigos que tem alguma ligação com o esporte, acredito que você deve ter ficado perdido para dar essa resposta. Mas como eu sou legal e já procurei no Google, vou facilitar as coisas para vocês. O recordista mundial da maratona é o queniano Dennis Kimetto, que registrou um tempo de 2 horas 2 minutos e 57 segundos em 2014, sendo o primeiro homem a correr a maratona em um tempo menor que 2 horas e 3 minutos.
Mas a grande questão a ser respondida é:
Como você lida com a velocidade em seu dia a dia?
A ansiedade vem sendo apontada como o mal dos tempos modernos, pois todos querem ter o futuro hoje, sendo assim, acabam vivendo sobre o terreno arenoso das expectativas. É preciso encontrar a velocidade correta para cada coisa acontecer. Quando as coisas acontecem rápido demais, você acaba pulando etapas importantes para o seu desenvolvimento. Quando acontecem de forma muito lenta, o desânimo toma conta de você.
Porém o mundo cobra e, quem não acompanha a velocidade dessa “roda viva” vai sendo considerado ultrapassado. Qual é a utilidade de um MBA para um jovem que acabou de se formar na universidade? O que ele vai agregar com um curso que tinha a função de atualizar e trocar conhecimentos se ele ainda nem teve a oportunidade de utilizar o conhecimento que acabou de absorver na universidade? Mas algumas empresas valorizam esse tipo de postura, pois isso mostra que ali existe alguém engajado em fazer diferente, alguém determinado e com garra para buscar um lugar ao sol.
Estamos comprando soluções enlatadas, cultivando modelos e mais modelos de profissionais de sucesso. Os modelos simplesmente têm a função de facilitar o caminho dos que estão começando agora, ajudando-os a percorrer as etapas de carreira de maneira mais rápida, sem que seja preciso perder tempo para escolher o como chegar lá. Basta seguir os passos de quem deu certo e pronto. Toda semana são publicados livros e revistas com os modelos de sucesso a serem perseguidos pelos mais jovens. Vejo com muita tristeza, pais que no anseio de fazerem o melhor para o futuro de seus filhos, investem em um desses padrões. Pagando cursos caríssimos no exterior. Gastando até mais do que poderiam no anseio de verem seus filhos “chegando lá”. Uma única coisa é padrão para todos eles: o tempo corre contra eles, tudo precisa ser feito o mais rápido o possível. Aguardar que um jovem de 16 ou 18 anos descubra quais são suas aptidões, é pura perda de tempo. Os pais acreditam friamente que sabem o que é melhor para seus filhos.
Onde vamos chegar com essa velocidade?
Acho que a pergunta chegou tarde demais. A verdade é que já chegamos lá. Um dos exemplos mais tristes é o que mostra a taxa de suicídio global. Segundo estudo da OMS, acontece um suicídio a cada 40 segundos no mundo e, os países mais desenvolvidos são os responsáveis por esse número estar piorando principalmente entre os mais jovens, que compreende a população entre 25 e 40 anos. A maioria deles perdeu a luta contra a velocidade.
Mas existe uma luz no fim do túnel. Nunca em nossa história, a humanidade esteve tão engajada na busca do autoconhecimento. Livros e cursos sobre desenvolvimento humano, terapias, processos de coaching, todos estão em alta. As pessoas estão buscando entender um pouco mais sobre aquilo que é o mais importante em suas vidas. As pessoas estão buscando entender quem elas são, do que gostam, quais são suas aptidões, vocações, entre outras coisas conectadas à essência de cada um. O melhor é que nesta viagem a velocidade não é padronizada, cada um tarda o seu tempo para encontrar sua essência, cada um terá o seu tempo para chegar em seu sonho. Às vezes isso pode soar como uma demora que beira a eternidade para alguns, mas quando se fala em missão de vida, só existe uma referência possível para se medir o tempo: “o tempo necessário”.
Faço aqui um convite especial para todas as pessoas que estão lendo esse texto: simplesmente busque sua essência, encontre seu sonho, e não se preocupe com o tempo.
Afinal, como já dizia Einstein: “O tempo é relativo”.
Grande abraço e até a próxima!
André L. G. Ferreira, Coach certificado pela International Coaching Community, Administrador e especialista em Qualidade.