Depois de apresentar 2 dos sabotadores de carreira, o Mestre do Não e o Manipulador de Mentes, nessa semana vamos conhecer um sabotador muito especial e que já teve até sua existência comprovada cientificamente. Me refiro à famosa “Feiticeira das Influências”. Sua existência foi comprovada em um famoso experimento feito pelo polonês Solomon Asch na década de 50 nos Estados Unidos. Tratava-se de um experimento bastante simples: uma pessoa era colocada em uma sala juntamente com outras sete pessoas e se iniciava um teste de acuidade visual. No comparativo entre duas figuras, as pessoas deveriam responder qual era a correspondente para a linha vertical apresentada na figura à esquerda, dentre as opções existentes na figura da direita. Seguem as figuras:
Moleza, não é mesmo? Qualquer um percebeu que em nosso exemplo a resposta é C. E assim acontecia no teste, todos respondendo o óbvio, até que lá pela terceira ou quarta rodada, um dos participantes erra sua respo
sta, e todos os demais cometem o mesmo erro. Calma, naquela sala existiam 7 pessoas contratadas por Solomon que seguiam um script definido, onde o erro proposital era parte do combinado.
Somente um dos participantes era um voluntário real. Mas mesmo assim, como esse participante pode errar na resposta de uma pergunta tão simples?
No total 123 voluntários (reais) passaram por esse teste. Vale ressaltar que um teste de acuidade tem uma probabilidade de erro de apenas 3% em condições normais, mas o resultado dessa pesquisa foi surpreendente:
75% dos participantes escolheram a alternativa errada ao menos uma vez;
37% dos voluntários erraram a maioria das respostas;
5% deles acompanharam a opção incorreta todas as vezes.
Ao conseguir comprovar que mesmo em uma escolha tão óbvia as pessoas sofrem a influência de quem está ao seu redor, Solomon comprovou com isso a existência da “Feiticeira das Influências”.
Partindo do pressuposto de que sua existência já foi comprovada faz tanto tempo, vamos então a sua descrição:
A “Feiticeira das Influências”
Quando atua?
Diferente dos outros dois sabotares já apresentados, a “Feiticeira das Influências” não escolhe uma fase específica para começar a sabotar. Sua atuação pode começar em qualquer contato que uma pessoa possa ter com a sociedade em geral: grupos de amigos, colegas de escola, time de trabalho, meios de comunicação, entre outros. Uma coisa é certa, a “ Feiticeira das Influências” está em todos os lugares.
Como ele atua?
Seus feitiços normalmente apresentam um poder incalculável. Existem muitos exemplos de palavras mágicas que disparam esses feitiços nas pessoas, basta você prestar atenção ao que é dito ao seu redor:
“Professor ganha pouco”
Imaginem quantos abortaram seus sonhos de magistério devido a este feitiço?
“Aquele cara é um exemplo a ser seguido”
Quantas pessoas não seguiram os passos de um ídolo de uma geração e deram com a cara no muro?
“Para ter sucesso é preciso trabalhar duro”
Tá bom, mas quem pode explicar o que significa isso? Seria isso igual para todo mundo? Sucesso tem o mesmo significado para todo mundo? E o conceito de trabalhar duro?
Não se esqueçam que tem gente que ganha muito dinheiro criando esses feitiços por aí Cada movimento padronizado feito pela sociedade pode fazer brotar milhões de dólares em algumas contas bancárias.
Quais são seus disfarces?
Aqui fica bem mais difícil para tentarmos especificar um ou alguns disfarces. A influência pode vir de qualquer grupo ou meio de comunicação em massa. A “Feiticeira das Influências” pode muito bem ser comparada com um camaleão.
Como derrota-la?
Cuidado com as fórmulas de sucesso. Aprenda a escutar sua intuição. Comece deixando de lado esse medo de não ser aceito pela sociedade por não seguir seus padrões, por ser diferente da maioria. É preciso entender que as maiorias se fazem muito úteis nas definições para os direitos e deveres dentro da sociedade, mas não devem ser consultadas para as definições individuais.
O conceito de normalidade, onde o indivíduo só é considerado normal caso cumpra com certas demandas impostas pela maioria, vem colecionando uma série de derrotas ao longo da história da humanidade. Muitas vezes as pessoas se referem a alguém que se destacou por fazer algo diferente, seja ruim ou bom diante do senso comum, como um “ponto fora da curva”. Minha pergunta é muito simples para os que costumam posicionar seres humanos dentro de curvas normais: não seria uma característica inerente ao ser humano ser um “ponto fora da curva”?
Acredito que todos nós podemos nos destacar por meio de nossa vocação. Quando isso acontece descobrimos que também somos um “ponto fora da curva”, e me perdoem os que não concordam comigo, mas aí está a receita da felicidade, a receita de descobrir onde é o seu ponto nessa curva.
Até a próxima pessoal.
André L. G. Ferreira, Coach certificado pela International Coaching Community, Administrador e especialista em Qualidade.Sócio Consultor na Green Desenvolvimento Humano
andre.ferreira@greendh.com.br