Um dia de trabalho costuma começar bem cedo para quem vive em uma grande cidade: tomar o café da manhã, levar as crianças para escola, sair mais cedo para não chegar atrasado ao trabalho por causa do trânsito etc. Também costuma acabar bem tarde: reuniões que acabam se estendendo após o horário, o trânsito novamente, buscar as crianças na escola etc. Como podemos então ser produtivo, tomar as melhores decisões, não ficar estressados, ou acabar estourando em uma crise de raiva com tanta carga de coisas não divertidas em nossa vida?
Em um estudo realizado na Universidade de Singapura em 2013, executivos foram colocados perante um desafio na gestão de uma empresa fictícia, que estava desenvolvendo um novo produto e que já havia consumido 9 milhões de dólares (de um orçamento total de 10 milhões de dólares). O problema é que um dos concorrentes diretos desta empresa fictícia também desenvolveu um produto similar, e com custos infinitamente mais baixos. Os executivos precisavam decidir se investiam o ultimo milhão do orçamento na continuidade do projeto ou se jogavam a toalha.
Então foram formados 2 grupos de executivos: um dos grupos iria meditar por 15 minutos antes de tomar a decisão, focando no presente e aquietando a mente. O outro grupo iria direto para a decisão de negócio.
Dos executivos que meditaram, 53% decidiram abortar o projeto – a decisão mais racional diante dos fatos, segundo os pesquisadores. Já entre os executivos que não meditaram, só 23% decidiu abandonar o barco.
Talvez seja por isso que a maior parte dos grandes executivos adotaram a meditação como prática constante em suas vidas. Ninguém quer gastar 1 milhão de dólares em um projeto que já nasce inviável, não é mesmo?
Mas, a meditação sempre teve um ar místico para mim, coisa de indianos, budistas, Gurus, e acredito que para a maioria dos ocidentais também. Porém quem pensa assim, como eu pensava, está muito enganado.
Parece que os ensinamentos milenares do oriente iluminaram a cabeça de um grupo de cientistas em algumas universidades conceituadas na Inglaterra e Estados Unidos, e eles desenvolveram o Mindfulness, mais conhecido como Atenção Plena por aqui.
O Mindfulness transformou a prática da meditação em algo simples, bem menos complicado do que aquilo que a personagem de Julia Roberts, em “Comer Rezar e Amar”, passou para conquistar seu lugar ao sol entre os meditadores, e assim poder ter uma vida mais equilibrada, sem sofrer com as coisas que não estavam sob seu controle. Você não precisa sentar em Lótus, não precisa acender um incenso, escutar mantras, passar férias na Índia ou Tibete para meditar nas técnicas do Mindfulness. As únicas coisas necessárias são: seu corpo, sua respiração e 10 ou 20 minutos diários para começar a sentir a diferença.
Eu que já venho nessa prática fazem quase 2 anos, notei uma grande diferença na forma equilibrada em como encaro os desafios do dia a dia. Não quer dizer que não fico irritado com algumas coisas. Muito menos que me transformei em um novo Gandhi, mas sinto que consigo evitar que meu piloto automático tome o controle da minha vida em situações de estresse. O piloto automático é composto por um conjunto de reações já programadas em nossa mente, que entram em ação toda vez que uma situação que pareça familiar ocorra. Isso é muito bom para escovarmos os dentes todo dia de manhã, pois assim economizamos nosso cérebro para coisas mais importantes, mas o piloto automático não tem condições de resolver problemas mais complexos, que exigem nossa atenção, pois quando ele toma as decisões nesses momentos, podemos tirar falsas conclusões e reagirmos de forma inadequada. Uma boa comparação é o que acontece com um avião quando passa por uma tempestade, o piloto automático é desligado e o piloto humano é quem toma as decisões, isso é o que devemos fazer também.
O Mindfulness atua com3 grandes pilares que fazem toda diferença:
Atenção – que se baseia em aprender a estar presente, resistindo aos tentadores convites do futuro, que nos provocam ansiedade, e muito menos sermos arrastados para nossas experiências do passado, que normalmente nos remetem a tristezas e sofrimentos;
Intenção – sempre, sem exceções, precisamos saber o motivo pelo qual fazemos aquilo que estamos fazendo. Assim, sempre agiremos de acordo com nossos valores e objetivos de vida, sempre com intenção;
Ação – quando mantemos a atenção plena nas situações que ocorrem, e colocamos intenção naquilo que fazemos, não mais reagiremos, sempre estaremos agindo. Aproveitando tudo o que acontece como oportunidades para fazer algo construtivo em nossa vida.
Aprendi o Mindfulness através de uma prática guiada em 8 semanas. Depois incorporei essas práticas em minha vida. Hoje, além de usufruir dos benefícios dessa prática, também sou instrutor de Mindfulness, e vejo como as pessoas tem facilidade em aprender as técnicas e também levarem o equilíbrio para suas vidas. Fico muito feliz em poder estar levando algo tão transformador para outras pessoas.
Então, vamos meditar ?
Até a próxima pessoal.
André L. G. Ferreira, Coach certificado pela International Coaching Community, Administrador e especialista em Qualidade.
contato: coaching.green01@gmail.com
Artigo publicado originalmente no site Comportamento e Saúde:
http://www.comportamentoesaude.com.br/os-3-pilares-que-fazem-a-diferenca/