Um dos requisitos atuais para escolher uma empresa para se trabalhar é se a mesma possui um Plano de Carreira. Mas, o que isso quer dizer?
Percebo que muitas vezes as pessoas confundem Mapas e Trilhas de Carreira e de Aprendizagem com o Plano de Carreira.
As Trilhas de Carreira são trajetórias possíveis das carreiras existentes dentro de uma organização, na qual são estabelecidos cargos e os requisitos mínimos de acesso ao cargo, como por exemplo, grau de escolaridade, idiomas e competências técnicas e comportamentais. Através das Trilhas de Carreira o profissional tem a possibilidade de escolha e com clareza do que é esperado para conseguir aquela posição. Um exemplo de uma Trilha de Carreira em Recursos Humanos é você entrar na organização como Técnico de Recursos Humanos, para tal você precisa ter como requisitos Ensino Superior Cursando, Pacote Office e Competências de Relacionamento Interpessoal e Organização do Trabalho; uma possibilidade de Trilha de Carreira a ser escolhida poderia ser a de Analista de Recursos Humanos Junior de Recrutamento e Seleção, com requisitos de Superior Completo em Psicologia, Inglês nível intermediário e Competências de Comunicação e Negociação desenvolvidas, outra possibilidade de Trilha de Carreira poderia ser Analista de Recursos Humanos Junior de Folha de Pagamento, com requisitos de Superior Completo em Administração ou Economia, Inglês nível básico e Competências de Tomada de Decisão e Planejamento desenvolvidas.
O Mapa de Carreira é o conjunto geral de todas as Trilhas de Carreira de uma organização, seja nas áreas Comercial, Manufatura e Administrativas.
Já as Trilhas de Aprendizagem estão relacionadas aos caminhos de desenvolvimento profissional que podem ocorrer, favorecendo o desenvolvimento das competências estabelecidas nas Trilhas de Carreira.
Mas e o Plano de Carreira?
O Plano de Carreira é o plano estabelecido individualmente para um determinado profissional, baseado na Trilha de Carreira que pretende seguir e desenhando uma Trilha de Aprendizagem concreta para atingir os cargos pretendidos.
Por isso, muitos profissionais geram a expectativa da empresa desenhar seu Plano de Carreira ou mesmo ter um Plano de Carreira pronto, porém, acredito que o Plano de Carreira deve ser de responsabilidade de seu condutor, o profissional. Pois é somente o profissional que realmente sabe onde quer chegar, se quer se desenvolver numa carreira de especialista ou liderança, por exemplo, e até onde quer chegar em seu desenvolvimento profissional.
Pronto para desenhar seu Plano de Carreira? Então mãos à obra:
- Primeiramente, procure saber se a organização em que trabalha possui uma estrutura de Trilhas de Carreira, ou quais são as possibilidades de evolução de cargos para você;
- Quando definir qual cargo deseja atingir, mesmo que seja a longo prazo, verifique quais são os requisitos mínimos de acesso ao cargo final e também aos cargos anteriores, a fim de construir uma ‘linha do tempo’ e sua Trilha de Aprendizagem;
- Desenhe sua Trilha de Aprendizagem com ações concretas para o desenvolvimento das competências que pretende ampliar (abaixo seguem algumas dicas);
- Compartilhe seu Plano de Carreira com seu gestor, deixe claro suas expectativas e verifique se a empresa poderá lhe ajudar de alguma forma na sua Trilha de Aprendizagem, seja através de um programa de bolsa de estudos ou disponibilizando seu tempo para realização de alguma atividade de aprendizagem;
- Monitore seu Plano de Carreira a cada três meses, celebrando seus avanços e também compartilhando com seu gestor. Lembre-se que você está se preparando para a posição, mas que isso depende também da empresa lhe oferecer uma oportunidade, e quando ela aparecer, quanto mais você estiver preparado maior a oportunidade de promoção. E não se esqueça de manter o olho no futuro, mas continuar mantendo sua performance no cargo atual, pois isso é de extrema importância para dar um passo adiante.
Agora, como posso criar minha Trilha de Aprendizagem?
Neste momento é importante conhecer um importante modelo de desenvolvimento humano: 70/20/10. Mas o que isso quer dizer? Que o desenvolvimento de competências se dá da seguinte forma:
- 70% através de ações on the job, ou seja, ações através das experiências que você vivencia, colocando em prática o que aprendeu, realizando novas atividades, projetos e job rotation;
- 20% através de ações de desenvolvimento individual focado e de relações, como coaching, mentoring, feedback e conversas informais de desenvolvimento;
- 10% através de ações formais de desenvolvimento, como treinamentos, leitura de livros, filmes, etc.
Surpreso? Pois é, muitas empresas investem somente em treinamento para o desenvolvimento de competências de seus colaboradores, porém, não oferecem possibilidades do profissional colocar em prática o que aprendeu, o que fortalece na prática o aprendizado.
Vamos agora a um exemplo prático para construir seu plano. Vamos supor que você deve desenvolver a competência Comunicação, no aspecto de apresentações formais em reuniões executivas. Você pode realizar um treinamento que te ensine algumas técnicas de apresentação em reuniões (10% educação formal) e acordar com seu gestor de preparar e realizar uma apresentação para a equipe sobre um determinado tema para praticar (70% on the job) e, também alinhar com seu gestor um feedback após a apresentação, para que ele possa apontar o que foi bom e o que ainda é uma oportunidade de melhoria (20% feedback individual).
Nos processos de coaching trabalhamos em toda sessão uma tarefa junto com a coachee para justamente colocar em prática ações de desenvolvimento contínuo com a finalidade de criar um repertório de novos comportamentos, competências e hábitos, pois é somente através da ação que as mudanças ocorrem.
Assim, te convido a dar o primeiro passo para ser o condutor de sua própria carreira! Procure ajuda de um coach, por exemplo, nesta busca. Porém, não dependa somente de um gestor ou de uma empresa para guiar seu destino, busque você mesmo o seu sucesso!
Até logo!
Sabrina Green, Psicóloga, Coach certificada pela International Coaching Community e especialista em Recursos Humanos.