Os atletas de alta performance não podem errar. A precisão exigida em suas decisões dentro das competições, não deixa espaço para recaídas emocionais. Quando o esporte é o futebol, principalmente em equipes com grande número de torcedores, essa pressão se potencializa. Quem não se lembra do choro de Thiago Silva na copa de 2014? Logo ele, que era nosso capitão na seleção brasileira, mostrando sua fraqueza em campo. Isso rendeu muitas críticas ao jovem jogador.
Mas, agora estamos em março de 2018, e uma outra história aconteceu em Barcelona. O português André Gomes, que chegou ao Barcelona na temporada passada, não estava se saindo muito bem dentro das 4 linhas. Quando entrava em campo ao lado de seus companheiros de equipe, ícones do futebol mundial como Messi e Iniesta, seu rendimento não agradava os torcedores da equipe Catalã. As vaias passaram a ser presentes em todos os lances onde o lusitano tivesse participação.
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Mas, algo inesperado aconteceria na quarta-feira 14 de março de 2018, na partida entre Barcelona e Chelsea pela Champions League. André Gomes entraria em campo com pouco mais de 15 minutos percorridos do segundo tempo, e seria recebido com aplausos, e com uma torcida em pé gritando seu nome. Sabe o que motivou essa mudança de comportamento por parte dos mais de 90 mil barcelonistas presentes ao Camp Nou naquela noite de quarta-feira?
A magia de se mostrar humano quando assumimos que somos vulneráveis
Ao confessar seu problema emocional em entrevista a uma revista catalã – “Não me sinto bem dentro de campo, não estou desfrutando do que posso fazer, e cheguei a ter medo de sair na rua por vergonha” – o jogador não só se libertou de uma angústia, como também recebeu a empatia dos exigentes torcedores do clube onde atua.
Esse gesto pode parecer um ato de fraqueza, já que vivemos em um mundo onde o mito do herói inabalável é ensinado a todos desde nossos primeiros passos. Mas, a coragem de se abrir e expor sua vergonha em público, transforma André Gomes e todos os torcedores presentes naquela noite no Camp Nou em símbolos da humanização que precisamos reconquistar. Uma humanização que se conquista pela capacidade inerente de conexão empática presente em nossa espécie.
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A pesquisadora Brené Brow fez várias descobertas nesse campo da vulnerabilidade e vergonha. Seus livros e seu TED Talks fazem muito sucesso em todo o mundo, e nos fazem reavaliar alguns dos fatores importantes para nosso futuro como civilização:
Qual o propósito de estarmos em um mundo com 7,6 bilhões de seres pertencentes a mesma espécie?
Eu apostaria todas as minhas fichas em um grande motivo: estabelecer conexões com as pessoas. Estamos aqui para conviver e criar vínculos humanos.
A plenitude só é alcançada pela autenticidade.
Para ser autêntico é preciso se libertar daquilo que os outros pensam e passar a viver sendo o que se é. Não se conquista a autenticidade sem a aceitação de si mesmo. Por isso precisamos exercitar a autocompaixão.
Nossas sombras precisam ser exploradas.
Como a própria René Brow diz em seu livro:
“Somente quando temos coragem suficiente para explorar a escuridão, descobrimos o poder infinito de nossa própria luz.”
Cultivar em si um sentimento de merecimento é algo urgente.
É muito comum em nós humanos, nos desvalorizarmos ao ponto de nos julgarmos incapazes ou sem merecimento de coisas boas. Os padrões de beleza, sucesso, inteligência, riqueza, costumam limitar a felicidade para quem os possui, excluindo aqueles que se distanciam dos requisitos desse clube de ilusões.
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Sei o quanto é difícil para muitas pessoas se abrir ao universo da vulnerabilidade. Se mostrar às pessoas desta maneira requer um trabalho interior que nem todos estão dispostos a percorrer. Abandonar a máscara pesada do “Ser inabalável” é um movimento de renúncia ao “Ser idealizado”, e um encontro com sua verdade. Pedir ajuda pode ser o primeiro grande passo. Encontrar um terapeuta para te acompanhar nessa jornada de reencontro é por muitas vezes indispensável. Reconhecer a necessidade de ajuda é o melhor dos começos na aceitação da vulnerabilidade. E o melhor é que temos escolhas nesse momento, as correntes que nos prendem são ilusórias. Como diria Carl Jung:
“Eu não sou o que acontece. Eu sou o que escolho me tornar.”
André L. G. Ferreira, Master Reiki, Coach certificado pela International Coaching Community, Administrador ,especialista em Qualidade , e Instrutor em Mindfulness.
http://www.greenintegral.com.br
andre.ferreira@greendh.com.br