Conhecer a Visão Integral , elaborada pelo grande Ken Wilber, é ter contato com um verdadeiro mapa para a compreensão das dinâmicas dos organismos sociais. Acredito que a Visão Integral seja o mais próximo que já chegamos para a compreensão desse vasto mundo de interações sociais.
Contudo, não se esqueça que estamos tratando de explorar um mapa aqui, e um mapa nunca será ou terá a complexidade que possui o território descrito por ele. Portanto, o mapa somente nos ajuda a nos encontrarmos dentro do território.
O segundo ponto importante, é salientar que é praticamente impossível resumir com qualidade o vasto conteúdo presente na Visão Integral. Nesse texto, pretendo simplesmente introduzir alguns conceitos básicos que formam a essência dessa potente ferramenta de compreensão.
Por sinal, compreensão é palavra chave em tudo que vou escrever aqui, pois esta é a nobre função e tudo que é feito pelo grupo liderado por Ken Wilber. O mapa da Visão Integral, busca encontrar respostas para algumas perguntas que sempre estão presentes em vários momentos de nossa vida:
Por qual motivo agimos assim?
O que faz com que sejamos tão diferentes uns dos outros?
Como alguém tão evoluído pode cometer tantas barbaridades?
O que compõe esse mapa da Visão Integral ?
Veja o mapa em nossa página – Click aqui
Conhecido como A.Q.A.L (All Quadrants and All Levels – Todos os Quadrants e Todos os Níveis), o mapa da Visão Integral é formado por 5 elementos, que ao serem analisados integralmente podem nos trazer a compreensão que procuramos:
- Estados de consciência;
- Estágios ou Níveis de desenvolvimento;
- Linhas de Desenvolvimento;
- Tipos de Personalidade;
- 4 Quadrantes.
Primeiramente, vamos aos Estados de Consciência
Todos nós estamos familiarizados com os 3 principais estados de consciência que são os de vigília, de sonho e sono profundo. Contudo, será preciso ampliar nosso repertório sobre estados de consciência para que possamos trabalhar no mapa da Visão Integral. Por exemplo, acredito que você esteja lendo esse texto em estado de vigília, mas se por acaso estiver cansado, talvez esteja fazendo sua leitura em estado de devaneio.
Existem também, os estados alterados de consciência, que são induzidos por drogas ou ervas psicodélicas. Indo mais a fundo temos os estados meditativos, que são acessados através de práticas de orações contemplativas, yoga, meditações etc. Não podemos deixar de citar também, a vasta variedade de experiências de pico, que são desencadeadas em práticas intensas como de fazer amor, o contato com a natureza e a arte.
Para que possamos fazer uma avaliação em qualquer situação que envolva organismos sociais, é preciso reconhecer quais estados de consciência influenciam essa situação. Sobretudo, em qual estado de consciência essa situação surgiu.
Em conclusão, o que é mais importante no que se refere aos estados de consciência, está no fato de reconhecer quais estados somos capazes de acessar de forma consciente. Por exemplo, uma pessoa tem um sonho, e dentro desse sonho encontra a solução para um problema de difícil solução. Outro exemplo de transição de estados que acontece com certa frequência, é quando acontece uma experiência “aha!” , e nossa criatividade chega a níveis brilhantes. Parece que estamos acessando uma fonte farta de conhecimento.
Por isso, pode ser uma vantagem acessar de forma consciente os vários estados de consciência. Veja o que a Sabrina Green escreveu em um artigo sobre os sonhos. (Indo mais longe pelo caminho dos sonhos)
Agora, vamos explorar os Estágios ou Níveis de Desenvolvimento
Interessante é constatar que por mais incrível e profundo que possa ser um estado de consciência, inclusive quando se trata de uma experiência de pico, esses acessos são sempre temporários. Isso já não ocorre nos estágios de consciência, pois esses são permanentes. Uma vez que você alcance um estágio de desenvolvimento, ele se torna uma aquisição permanente em sua vida. Por exemplo, após você ter percorrido a jornada de aprendizado da linguagem em seu idioma, o acesso a esse conhecimento será permanente em sua vida. Podemos dizer, que o mesmo ocorre com sua evolução em consciência, e ao alcançar estágios mais avançados – consciência maior, amor mais abrangente, mais responsabilidade ética, mais inteligência e percepção – essa consciência será permanente em sua vida.
Quantos são os estágios de consciência apresentados pelo mapa da Visão Integral ?
Dentro do mapa integral, trabalhamos com pelo menos 9 estágios divididos em 3 grandes categorias: egocêntrico, etnocêntrico e mundicêntrico.
Para quem desejar estudar mais a fundo as divisões dos estágios de consciência, recomendo a pesquisa no trabalho da Dinâmica em Espiral de Dom Beck e Christopher Cowan, pois foi nessa fonte que Ken Wilber baseou-se para definir os estágios dentro do mapa integral.
Aqui, vou descrever somente as 3 grandes categorias já mencionadas nesse texto:
Na base temos o estágio egocêntrico. Quem se encontra desenvolvido apenas nesse estágio de consciência, possui a percepção limitada ao “eu” e e as necessidades de sobrevivência individuais.
Em um segundo estágio, quando passamos a nos conscientizar das regras, e valores morais de nossa cultura, desenvolvemos o que chamamos de estágio etnocêntrico. Passamos a centrar nossa consciência ao que dita nossa família, tribo, nação, grupo religioso. Aqui surge uma consciência do “nós”, mas ainda restritiva ao que faz parte dos grupos aos quais pertencemos, e facilmente rejeitamos o que não faz parte deles.
Por fim, temos o terceiro grande estágio de consciência, o mundicêntrico. Aqui, o “nós” seletivo dá lugar ao “todos nós”, onde podemos tomar consciência da importância de todos os seres, independentemente de fazerem parte dos grupos com quais interagimos diretamente. Passamos a ter uma consciência do todo.
Os estágios sempre evoluem de forma abrangente, em uma hierarquia natural, e não de importância. Exemplo de uma hierarquia natural, é o que acontece na figura abaixo.
Um organismo abrange células em sua formação, e nem por isso é mais importante que elas. Por sua vez, acontece a mesma coisa com as células em relação ás moléculas que a formam, e o mesmo acontece com os átomos que formam essas moléculas.
Assim também deve ser nossa visão sobre os estágios da consciência. Não existe um mais importante que o outro, e sim um mais abrangente que o outro.
Chegamos as Linhas de desenvolvimento
Você já deve ter notado que você é muito bom em algumas coisas, e em outras não é tão bom, certo?
Uma pessoa pode ser altamente desenvolvida em sua capacidade cognitiva, ao mesmo tempo que mostra muita dificuldade para lidar com suas emoções, ou vice versa.
Primeiramente , consideramos que todos nós possuímos as mesmas linhas de desenvolvimento – cognitiva, interpessoal, moral, emocional e estética – assim como definiu Howard Gardner , em seu livro Inteligências Múltiplas. Depois, percebemos que cada uma dessas linhas está em um estágio de desenvolvimento (egocêntrico, etnocêntrico e mundicêntrico). Por exemplo, uma pessoa que esteja com sua linha emocional em estágio egocêntrico, terá emoções mais centradas no “eu”, que abrange instintos voltados a sobrevivência. Se estiver em no estágio etnocêntrico, terá desenvolvido emoções voltadas para o “nós” , estabelecendo vínculos emocionais com pessoas da família, e dos grupos sociais que faz parte. Por fim, se estiver em um estágio mundicêntrico, desenvolve emoções e sentimentos em relação a todos os seres humanos e sencientes.
Podemos concluir então, que por termos um desenvolvimento em estágios dentro dessas linhas, esse desenvolvimento é permanente. Contudo, não se deve deixar passar que esses estágios são alcançados por acessos a diferentes estados de consciência. Lembra daquele momento “aha!” onde você aprendeu algo novo? Ele pode ter durado alguns segundos, mas trouxe uma evolução em uma ou mais de suas linhas de desenvolvimento. Está percebendo como os elementos começam a conectar dentro do mapa da Visão Integral ?
Os tipos de personalidade também são importantes
Cada um dos elementos anteriores possuem um tipo masculino e feminino. Quando avaliamos os tipos femininos e masculinos, encontramos diferenças mais voltadas ao modelo lógico em cada um opera. Os homens, tendem a se expressar em termos de autonomia, justiça e direitos; enquanto a lógica das mulheres se expressa em termos de relações, consideração pelos outros, e responsabilidade.
Quando nos referimos a tipos, estamos trazendo uma visão de aspectos diferentes que estão presentes em todos os estágios ou estados de consciência. Podemos avançar na tipologia, em ajuste fino que transcende o masculino e feminino, utilizando o MBTI e o Eneagrama, que são reconhecidos como ferramentas para tipos dentro do mapa da Visão Integral.
Leia também artigos sobre Eneagrama
- O Eneagrama o Autoconhecimento
- 5 vantagens ao se utilizar o Eneagrama nas empresas
- Minha jornada no Eneagrama
- Minha jornada no Enegrama através da criança interior
No MBTI, temos como principais tipos de personalidade o sensível, pensante, perceptivo e intuitivo, Já no Eneagrama, temos 9 tipos principais de personalidade, que estão divididos em 3 conjuntos – instintivo, emocional e racional.
Cada tipo apresenta estágios que podem ser considerados saudáveis ou patológicos. A patologia se dá pela subutilização ou exacerbação das características definidoras de um tipo. Por exemplo, o tipo masculino que tende a autonomia, força, independência e a liberdade, pode desenvolver um aspecto doentio e transformar sua autonomia em alienação; força em dominação; independência em afastamento das pessoas; liberdade em impulso destrutivo.
Avaliando os tipos de personalidade, e reconhecendo seus estágios de desenvolvimento, chegamos as intenções que estão escondidas por trás de cada comportamento. Sendo assim, se torna indispensável para qualquer avaliação integral de um organismo social.
Para concluir, chegamos aos 4 Quadrantes
Dentro dos 4 quadrantes é que será possível cruzarmos todas as informações dos demais elementos, em 4 dimensões essenciais a tudo o que acontece : “eu”, “nós” , “isto” e “Istos”.
“eu”, na avaliação dos quadrantes , se refere a tudo aquilo que acontece no interior do individuo. Experiências subjetivas.
Sendo assim, abrangem os pensamentos, sentimentos, emoções etc (na figura abaixo é o quadrante superior esquerdo)
“nós”, na avaliação do quadrantes, se refere ao que acontece no interior do coletivo. Experiências subjetivas.
Sendo assim, abrangem aspectos culturais, valores coletivos etc (na figura abaixo é o quadrante inferior esquerdo)
“isto”, na avaliação dos quadrantes, se refere ao que acontece no exterior do indivíduo. Experiências objetivas.
Sendo assim, abrangem comportamentos, ações, reações físicas etc (na figura abaixo é o quadrante superior direito)
“istos”, na avaliação dos quadrantes, se refere ao que acontece no exterior do coletivo. Experiências objetivas.
Sendo assim, abrangem comportamentos, ações, reações físicas etc (na figura abaixo é o quadrante inferior direito)
Portanto, para termos uma visão integral em qualquer situação, será preciso percorrer os 4 quadrantes, em seus aspectos subjetivos e objetivos, cruzando todo leque de informações trazidos pelos demais elementos do mapa integral.
Tudo isso é só o começo
Para o aprofundamento na compreensão desse mapa, principalmente para aqueles que trabalham com o desenvolvimento de pessoas, eu recomendo a leitura do livro ” A Visão Integral” de Ken Wilber. (para assistir o vídeo do resenha Green sobre esse livro – clique aqui)
Na Green Desenvolvimento Integral utilizamos o mapa da Visão Integral como modelo de atuação em todas as nossas entregas. Depois de vários anos estudando e utilizando essa abordagem, podemos reconhecer sua força e precisão. Em outras palavras, posso dizer que a Visão Integral é fundamental para nossa atuação como consultores e terapeutas.
André L. G. Ferreira, Master Reiki, Coach certificado pela International Coaching Community, Administrador ,especialista em Qualidade e Instrutor em Mindfulness.
https://www.greenintegral.com.br
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