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Nikola Tesla x Thomas Edison:
os 5 pecados na retenção de talentos nas empresas
por André Ferreira

Não existe dúvidas de que, Nikola Tesla e Thomas Edison, foram 2 dos maiores inventores na história da humanidade. Mas, o relacionamento profissional entre eles gerou um outro legado de aprendizado corporativo. Edison, como líder de Tesla, cometeu os 5 pecados  que destroem a retenção de talentos nas empresas. Infelizmente, esse conjunto de comportamentos que nos remete ao século XIX, ainda é repetido por muitos “supostos líderes” aqui no século XXI.

 

Acredito que não preciso mencionar os prejuízos que uma empresa sofre ao não ter em seu DNA a prática da retenção de talentos. O turnoverquando atinge os melhores colaboradores, faz com que a empresa se atrofie. Importante reconhecer que em qualquer sistema constituído por pessoas, a força da inovação que é a responsável pela não obsolescência,  se encontra no Protagonismo de alguns que não aceitam o status quo.  Esses indivíduos são os talentos, e no exemplo que trago neste artigo, teremos de como não devemos tratar esses talentos. Thomas Edison, que foi genial como um talento nas invenções, não chegou nem perto dessa genialidade na gestão do grande talento que coube a ele liderar: Nikola Tesla.

 

Os últimos 20 anos do século XIX foram marcados pelo advento da eletricidade. Essa força invisível que seria a grande propulsora da revolução industrial, se encontrava em um grande impasse –  Utilizar a corrente contínua, base de todas as invenções de Thomas Edison, mas que apresentava grandes restrições em sua transmissão para grandes distâncias, ou utilizar a corrente alternada, que tinha em Nikola Tesla um de seus grandes entusiastas?  – O final dessa disputa foi uma vitória esmagadora da corrente alternada sobre a corrente contínua. Nikola Tesla, ao inventar os motores de corrente alternada, foi o grande diferencial para essa vitória. Mas, Thomas Edison , perdeu a oportunidade de fazer parte dessa vitória quando, ao liderar Nikola Tesla, cometeu 5 pecados que fizeram com que Tesla procura-se outros ares, bem longe de Edison, para semear suas inovações:

 

1 – Falsas promessas

 

Quando o jovem Nikola Tesla chega para trabalhar na empresa de Edison, ele recebe de seu chefe alguns desafios que até então ninguém conseguia resolver em vários clientes de Edison. Problemas técnicos de grande complexidade nos dínamos de corrente contínua de Edison estavam deixando vários clientes bem irritados. Edison prometeu 50 mil dólares como bônus, uma verdadeira fortuna naquela época, para Tesla, se ele resolvesse esses problemas com a devida brevidade. Tesla surpreendeu Edison, e realizou o que parecia impossível, resolveu todos os problemas. Mas Edison não cumpriu com sua palavra, dizendo que estava brincando, que jamais poderia  dar para um empregado uma quantia tão elevada em recursos financeiros.

 

Em muitas empresas acontece a mesma coisa, e não imagine que o pior dos mundos está em não cumprir uma promessa financeira. Pior do que isso, são as inúmeras oportunidades de crescimento apresentadas no momento da contratação, mas que nem sempre são oferecidas aos verdadeiros talentos. Aquela vaga na matriz no exterior, uma oportunidade em um projeto importante, ou até mesmo uma bolsa em um curso de especialização. A terra das oportunidades, que a maior parte das empresas vende para seus futuros colaboradores, realmente segue regras baseadas em mérito ?

 

2 – Acreditar que em time que está ganhando não se mexe

 

Thomas Edison era um dos homens mais famosos nos Estados Unidos. Ele simplesmente trouxe a luz elétrica para o mundo. Edison desenvolveu todo seu trabalho na energia contínua. Quando seu colaborador, Nikola Tesla, começa a questionar a eficácia dessa corrente, e apresenta sugestões para a utilização da corrente alternada, Edison simplesmente o despreza, e chega a tratá-lo como um verdadeiro idiota. A energia contínua trouxe o sucesso para Edison, e em time que está ganhando não se mexe.

Assim como Edison, muitos líderes só sabem abrir seus ouvidos para novas ideias quando estão enfrentando problemas com que as soluções de sempre não conseguem mais solucionar. Os talentos precisam de espaço, para inclusive, ter a devida segurança ao mostrar que o time que hoje está vencendo não é o melhor time para continuar vencendo amanhã.

Quer reter talentos, então é melhor não se apegar ao que está dando certo, afinal, queremos os talentos  para que eles nos mostrem o caminho da melhoria contínua, não é mesmo ?

 

3 – A vaidade ao invés de um propósito corporativo

 

A grande diferença entre Edison e Tesla, estava em seus propósitos distintos. Edison queria ter a fama de ser o grande inventor de sua geração, e deixar seu nome marcado na história. Se você pesquisar a lista de invenções patenteadas por Edison, vai ver que ele conseguiu este feito com muito êxito. No caso de Nikola Tesla, o propósito era algo bem diferente, ele não se preocupava com a fama, ele tinha em sua mente várias ideias que precisava trazer para a realidade. O benefício que essas ideias traziam para a humanidade era  o grande propósito na vida de Tesla.

 

Existe uma frase muito utilizada no ambiente corporativo  – “Quando um líder é inspirador as pessoas trabalham por ele.”

Quando vemos empresas que alcançaram grande sucesso utilizando a imagem de seu fundador, ou um CEO para traduzir seu propósito aos colaboradores  – Bill Gates na Microsoft ,Steve Jobs na Apple, Elon Musk na Tesla Motors, e aqui no Brasil temos a  Luiza Trajano no Magazine Luiza –  podemos afirmar que esse é um bom caminho para o sucesso de uma empresa na atração de talentos. Mas, só temos a retenção desses talentos enquanto os valores que os motivaram a se juntar ao time estiverem estiverem sendo preservados. Pois é, cada talento vai encontrar seu espaço em um lugar onde ele possa alinhar seu propósito com o propósito da empresa, se isso não acontece, a retenção desse talento é prejudicial para ambas as partes.

 

leia também nesse artigo sobre valores organizacionais – click aqui

 

4 – Acreditar que no céu só existe lugar para uma estrela

 

Nas empresas Edison, o céu só tinha uma estrela, a estrela Edison. Qualquer outro brilho que pudesse ofuscar o brilho de Edison, não seria bem aceito. As empresas Edison , no caso de Tesla, também foram vítimas do egocentrismo de Edison. Tanto é que Edison foi retirado da liderança de suas empresas, por seu grande investidor, J. P Morgan, exatamente por apresentar esse comportamento.

Se o ambiente não permite que dentro de uma equipe um talento tenha mais sucesso que seu líder, teremos uma equipe limitada ao nível de talento entremostrado por seu líder. Duas das maiores virtudes que enxergo no exercício da liderança são a capacidade de descobrir e revelar talentos. O grande problema é que muitos líderes acreditam que só  chegaram aos seu cargos de liderança devido a seus grandes feitos relacionados a soluções geniais que trouxeram ótimos resultados para a empresa. Se esquecem que o papel de liderança é o reconhecimento por outra virtude que neles foi reconhecida – a capacidade de desenvolver pessoas, e fazer com que elas possam dar o seu melhor para a realização do resultados da empresa. Ter pessoas geniais aparecendo e sendo reconhecidas dentro de sua equipe, só faz com que a capacidade de um líder seja mais valorizada  dentro da empresa. Caso esse reconhecimento não aconteça dentro da empresa em que você trabalha, acabamos de compreender um dos grandes motivos que podem explicar os problemas com o time de liderança.

 

5 – Se não está conosco é nosso inimigo

 

Após Tesla ter passado por tudo o que passou com seu chefe Edison, é claro que ele foi ser feliz em outro lugar. Tesla recebeu a oportunidade dada pelo Sr Westinghouse, e foi junto a ele que conseguiu trazer ao mundo boa parte de suas ideias. Adivinha o que Edison fez ao saber que Tesla se juntou ao seu rival ? Começou a sabotar as ideias de Tesla, utilizando de sua grande popularidade para difamar a corrente alternada (defendida por Tesla)  como uma força que colocaria em risco a vida humana.

Eu já presenciei inúmeros casos de difamação, puxados por líderes ciumentos, que ao perderem algum de seu talentos para o mercado de trabalho, soltam aquelas famosas frases para seus colaboradores e pares :

 

” Ele não era tudo isso que dizem por aí. Tinha muitas ideias inviáveis.”

 

” Podia ser muito bom tecnicamente, mas não sabia trabalhar em equipe ou respeitar a hierarquia.”

 

O grande fundador da Psicologia Analítica, Carl Gustav Jung, já dizia que suas reclamações sobre alguém, revelam mais sobre você do que sobre aquela pessoa de quem você reclama. Nesse caso, quando um líder joga suas pedras contra alguém que deixou sua equipe, esse líder, só por estar agindo assim, já mostra um bom motivo para um talento não permanecer em sua equipe. Você concorda comigo?

 

Recomendo que assistam o filme  – A Batalha das Correntes – onde boa parte das histórias  desse artigo pode ser evidenciadas.

O que me motivou a escrever essas linhas foi a paixão de Nikola Tesla por sua missão de vida, por seu propósito, e o quanto ele pagou caro por não abrir mão dela. Acredito que podemos fazer diferente nas corporações modernas, e não deixar que outros, iguais a Tesla, morram em meio a dívidas, e com pouco reconhecimento de sua importância para o mundo.

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André Ferreira

 

é Consultor , Coach certificado pela International Coaching Community, Administrador ,especialista em CNV (Comunicação Não Violenta)  e Instrutor em Mindfulness.
https://www.greenintegral.com.br
andre.ferreira@greendh.com.br