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É fato que os desafios do mundo atual nos colocam diariamente diante de situações que podemos chamar de ambíguas ou complexas. Seja no ambiente profissional, familiar, escolar, conjugal ou social, existe uma diferença clara entre problemas a serem resolvidos e polaridades a serem gerenciadas.
Se você nunca ouviu falar do termo “polaridade”, exceto talvez no contexto da política competitiva, quero te mostrar por que a maioria dos dilemas que enfrentamos — aqueles que geram desconforto no nosso dia a dia — são, na verdade, polaridades. E o mais importante: polaridades não são simplesmente resolvidas.
Comecemos por um ponto fundamental: a diferença entre problemas e polaridades.
Problemas são situações que podem, de fato, ser resolvidas. Eles têm características bem específicas:
Por exemplo: “Devo matricular minha filha na escola X ou Y?”.
Neste caso, vou provavelmente visitar as escolas, fazer uma lista de prós e contras, discutir com minha família e, por fim, tomar uma decisão. Pronto — problema resolvido.
Já polaridades são diferentes. Elas não têm um ponto final, não são solucionáveis no sentido tradicional. Em vez disso, envolvem alternativas que são interdependentes — uma não pode existir plenamente sem a outra. É preciso gerenciá-las em conjunto, equilibrando tensões entre opostos que coexistem.
Um exemplo clássico no mundo corporativo:
Centralização x Descentralização nas tomadas de decisão.
Se você é líder, já deve ter se perguntado:
Provavelmente, você reconhece que é impossível operar 100% em um dos extremos. Esse é o ponto: estamos sempre lidando com polaridades, mesmo sem nomeá-las como tal.
As polaridades estão mais presentes em nossa vida do que costumamos perceber. Eis alguns exemplos frequentes:
Essas tensões aparecem em diferentes contextos e estão, muitas vezes, conectadas aos nossos valores mais profundos. Por isso, não é fácil lidar com elas.
Além disso, tendemos a ter uma preferência por um dos polos, influenciados por nossa personalidade (por exemplo, os tipos junguianos) e por nossa história de vida. Essa inclinação nos leva, muitas vezes, a negligenciar o outro polo, perdendo oportunidades de crescimento e equilíbrio.
Gerenciar polaridades é buscar um caminho que maximiza os benefícios e minimiza os prejuízos de ambos os lados.
Cada polaridade carrega:
Ao escolher um dos polos com exclusividade, corremos o risco de cair em ciclos viciosos, especialmente se agimos de forma excludente (optando pelo “ou”) e não inclusiva (buscando o “e”).
Essa visão também é útil para o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal. Integrar polaridades nos permite ampliar nossa percepção, aceitar a complexidade da vida e fazer escolhas mais conscientes.
Além de ser uma ferramenta individual poderosa, o trabalho com polaridades é um dos temas que desenvolvemos em Workshops de Gestão da Complexidade dentro de organizações.
Quando líderes e equipes aprendem a reconhecer polaridades, percebem que muitos dilemas não têm solução definitiva — mas sim caminhos possíveis de equilíbrio. Ao ampliar perspectivas, abrimos novas possibilidades de ação diante de desafios que, à primeira vista, parecem insolúveis.
Como tem lidado com as polaridades na sua vida?
Quais recursos tem usado para ampliar sua visão e encontrar novos caminhos?
Sabrina Green
é Sócia e Consultora de Desenvolvimento Humano e Organizacional, Psicóloga e Coach pela ICC.
https://www.greenintegral.com.br
sabrina.green@greendh.com.br